Contradições bíblicas

A Bíblia possui contradições?


A resposta a essa pergunta é NÃO! A Bíblia é a palavra de Deus, seria impossível encontrar nela algum erro ou  contradição. Porém, por que existem sites e blogs que postam centenas de contradições bíblicas? A resposta a essa pergunta é que tais pessoas que afirmam que a Bíblia possui contradições simplesmente não sabem o que é uma contradição. Eu poderia escrever um livro inteirinho para refutar cada bobagem listada na internet, cada besteira que se arroga ser uma contradição, mas há pessoas mais competentes do que eu que já fizeram isso. Esse espaço é somente um espaço que visa reforçar o conceito de CONTRADIÇÃO.

Para que dois trechos das Escrituras ou de qualquer outro livro sejam contraditórios, é necessário que um afirme o que o outro nega, que um exclua o outro. Uma das leis da contradição ou da não-contradição diz exatamente que algo não pode ser e ser ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Assim, se eu disser que sou piloto de avião e que não sou piloto de avião, estarei contradizendo a mim mesmo. Ou eu sou piloto de avião ou eu não sou piloto de avião. As duas afirmações não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Diante dessa simples lei, qualquer um que já tenha tido contato com um texto de lógica poderá afirmar com certeza que a Bíblia não possui contradição alguma.

Eu poderia listar aqui cada suposta contradição e refutar uma por uma, mas o espaço aqui não é adequado. No texto abaixo, seguem mais considerações sobre as propaladas contradições bíblicas. Eles nos dará mais uma ideia sobre o que queremos dizer com contradições. Porém, nós voltaremos a elas em outra oportunidade.


Contradições bíblicas



Quando pela primeira vez ouvi falar em contradições bíblicas, senti em mim um leve tremor. Apesar de ouvir pessoas dizerem que a Bíblia não possui contradições, eu não tinha tanta certeza. A primeira passagem que me vinha à mente era justamente a segunda parte de Êxodo 20:5 e a de Ezequiel 18. Não nos parecem contraditórias? Ora, se eu, que não sou inimigo de Deus, mas que almejava alcançar a vida eterna ponderava que tais trechos são contraditórios, quanto mais os inimigos de Deus, movidos pelo engano do diabo poderiam julgar estas e outras passagens da Bíblia como contraditórias.

Esse assunto de contradições bíblicas permaneceu latente em mim até novembro de 2007, quando passei a encontrar na internet sites recheados de “contradições” bíblicas. Alguns arrotavam que havia milhares delas. Logo de primeira vista, percebi que eu mesmo podia julgar e explicar as que via. Ora, se eu, de inteligência mediana, um homem comum de pouca erudição, podia contradizer o que inimigos de Deus mal informados diziam, então o que eles diziam não era assim tão profundo e inexpugnável. Comecei, então, a coletar mais contradições e a refutá-las uma por uma.

À medida que as refutava, confesso que sentia uma certa indignação em mim. Essa indignação possuía duas causas. Uma causa era o fato de que pessoas comuns, como eu, e você que está lendo estas linhas, tinham coragem de se insurgir contra a fé de bilhões e bilhões de pessoas no mundo. Como podiam ser tão arrogantes? Como poderiam ignorar que o livro que eles julgavam e julgam contraditório é objeto de estudo por séculos inteiros (e aqui não estou dizendo que a Bíblia é verdadeira porque é antiga, se assim fosse, muitas outras religiões também são verdadeiras, por possuírem o mesmo status de antiguidade) e já passou e passa pelo crivo intelectual de homens que poderiam nos dar um banho de erudição? Como podiam ser tão arrogantes a ponto de julgar um livro que a cada ano tem suas narrativas comprovadas pela ciência da Arqueologia? Como conseguiam ser tão néscios? A outra razão da minha pequena indignação era que as supostas contradições não eram contradições, nem de longe podiam ser tomadas como tais. Muitas dessas pretensas contradições, mas muitas mesmo, são fruto de uma completa ignorância do que seja uma contradição, uma completa falta de entendimento do corpo doutrinário da Bíblia, falta de exegese aplicada ao texto e também por causa da falta de dados históricos na própria Bíblia. Esta última causa se explica pelo fato de que a Bíblia, apesar de ser também um livro de história, não tem como história sua mais importante faceta, não segue o rigor histórico, justamente porque a história, na Bíblia, é colocada em segundo plano. O mais importante no texto sagrado é a mensagem de Deus que se transmite aos homens. Enfim, os "gênios" que pesquisaram tanto para encontrar pretensas contradições na Bíblia, na verdade, eram ou são completos ignorantes naquilo que falam.

À medida que eu ia lendo as pretensas contradições, encontrava algumas “contradições” tão estúpidas que imaginava ser eu a não entender o que o argumento da contradição dizia. Eu não acreditava que, em alguns casos, alguém pudesse ser tão obtuso a ponto de não entender o que o texto estava dizendo.

Só para que o leitor tenha uma idéia da obtusidade dos inimigos da Bíblia, tomemos como exemplo um trecho que, apesar de não ser tomado como contraditório, diz-se dele que possui um erro geométrico. O segundo livro das Crônicas, capítulo 4, versículo 2 fala de um mar de fundição. Vejamos o trecho.

Fez também o mar de fundição, redondo, de dez côvados de uma borda até a outra borda, e de cinco de altura; e um fio de trinta côvados era a medida de sua circunferência. (2Cr 4:2)


E qual seria o problema geométrico que nota aqui? Quem chamou a atenção para o problema alega que tal medida do mar de fundição não seria possível por causa da constante PI. Ora, nós aprendemos na escola sobre o interessante número PI, mas por que a ênfase no tal número? A ênfase no PI se explica pelo fato de que, sendo obedecido o valor do número, 3,14, seria impossível que o mar de bronze tivesse forma redonda. Ora, sobre isso devemos fazer duas considerações.

A primeira consideração diz respeito ao fato de que Salomão, ao ordenar que se fizesse a peça de bronze, provavelmente não estava preocupado com valor de número algum, a não ser com o número do diâmetro e da circunferência do mar de fundição. A segunda consideração é que o valor do PI nunca foi exato. Esse número já teve vários valores durante a Antiguidade. De qualquer forma, o PI é a razão da medida da circunferência pelo diâmetro, mas em um círculo perfeito e o mar de fundição, apesar de ser chamado de círculo, não era, necessariamente, um círculo perfeito.
Imaginemos Salomão ordenando a fabricação de uma tal peça. O que diria o artífice quando verificasse que as medidas não seriam possíveis? Faria uma peça diferente ou mandaria comunicar ao rei que não seria possível um círculo perfeito com aquelas medidas? Provavelmente a segunda opção é a mais acertada, se levarmos em consideração que o mar de fundição era uma peça para ser usada em cerimônia religiosa e uma desobediência à ordem do rei poderia lhe custar caro. Contudo, a medida era possível, pois, se não fosse, não seria essa a medida dada, teria de ser outra. Se o registro diz que a peça possuía trinta côvados por dez, então tinha de ser essa a medida, e a forma do Mar de Fundição seria, obviamente, elíptica. Ora, a forma elíptica é redonda, para todos os efeitos de definição.

Percebe-se que o problema (mas não existe problema) está na palavra “redondo”. O mar de fundição não era para ser um círculo perfeito, se o fosse qualquer artífice perceberia sua impossibilidade. Talvez quem tenha levantado a questão ficasse mais feliz se estivesse escrito na descrição da peça a palavra “elíptico” em vez de “redondo”. Mas por que deveria? Qualquer pessoa que fosse indagada sobre a forma de uma tal figura não diria que ela é redonda? Na Matemática, a elipse é considerada redonda. Pelo menos está mais para redonda que para quadrada. No afã de contradizer as Escrituras, de encontrar nela algo que a desabone como palavra de Deus, os inimigos de Deus se precipitam e cometem erros grosseiros, erros que parecem ter sido paridos de mentes verdadeiramente obtusas. O leitor arguto perceberá, durante nossa análise, a total falta de conhecimento, por parte dos inimigos de Deus, das doutrinas da Bíblia, como a doutrina do pecado. Perceberá também a ignorância dos mesmos do que seja a soberania de Deus, ou seja, do poder que tem Deus de agir como quer, do modo que quer e quando quer. Falta de exegese aplicada ao texto, falta de conhecimento da história da Igreja e dos evangelhos são outras características que o leitor poderá perceber quando da análise das pseudocontradições, além, é claro, de uma cegueira espiritual quase palpável.