Epistemologia

A Epistemologia é um ramo da Filosofia que busca resposta a questões tais como: o que é o conhecimento? Como se dá o conhecimento? É possível conhecermos alguma coisa? Podemos dizer que as ciências têm como ponto de partida uma corrente epistemológica chamada de Empirismo. O Empirismo responde à segunda questão levantada acima da seguinte maneira? o conhecimento se dá através dos nossos sentidos. assim, o Empirismo postula que nossos cinco sentidos são o canal pelo qual vimos a saber alguma coisa. Ou seja, o Empirismo nos dirá que eu sei porque vejo, porque  toco, porque cheiro porque tenho sensações.

A ciência, com seu método experimental, é toda construída a partir do Empirismo. Cientistas, fazendo experimentos em laboratório, ou fora dele, creem que podem, com isso, saber, adquirir conhecimento. Porém, faça-se a seguinte pergunta:  o que seria da ciência se fosse provado, ou pelo menos demonstrado, que o Empirismo é falso? A resposta seria a mais óbvia: a ciência toda também seria, necessariamente, falsa!

Obviamente é um absurdo fazer uma afirmação dessas, que a ciência é falsa. Visto que temos remédios, tecnologia, computadores, máquinas maravilhosas construídas pela Ciência, como poderia alguém dizer que a Ciência é falsa? Bem, lamento decepcioná-lo, mas a Ciência que você conhece e que tanto admira, é falsa desde sua base.

Afirmar que a ciência é falsa é muito fácil, difícil mesmo seria demonstrar isso, correto? Falso  também. Basta que se demonstre o quanto o Empirismo é falso para, por consequência, constatarmos que a ciência é falsa também. Porém, há que se fazer uma necessária distinlção aqui. Uma é a ciência utilitária, que produz coisas para o nosso dia-a-dia. Outra é a ciência teórica, que tenta explicar o mundo, a realidade, enfim. Essa última é, necessariamente, falsa. Da primeira não podemos fazer a mesma afirmação, visto que inventar coisas nada tem que ver com falso ou verdadeiro, mas com útil ou inútil, com possível ou com impossível.

Assim, as teorias científicas são improváveis. Por improvável queremos dizer que não podem ser provadas, simplesmente não podem. O mesmo se pode dizer de uma lei científica. Imagine que um cientista afirme que, depois de muitos anos de pesquisa, ele chegou à conclusão de que todos os cisnes são brancos. Assim, ele postula essa lei: todos os cisnes são brancos. Essa lei é totalmente improvável, ou seja, não pode ser verificada, não pode ser provada. Vamos acreditar nela porque foi a ciência que postulou, e a ciência, lembra-se?, inventa coisas maravilhosas. Ora, se a ciência inventa coisas maravilhosas, então ela deve estar certa quando afirma que todos os cisnes são brancos. Porém, nada mais falacioso.

O fato de eu conseguir inventar coisas maravilhosas não implica necessariamente que tudo o que eu diga seja verdadeiro. Assim, para que saibamos que todos os cisnes são brancos, seria necessário que observássemos TODOS os cisnes, inclusive os do passado. E isso, caro leitor, é impossível. nada há que nos garanta que não exista um bando de cisnes em algum lugar desse mundo que não sejam brancos. Ou seja, observar (Empirismo, lembra?) um número de cisnes, por maior que esse número seja, não quer dizer nada. Quer dizer que AQUELES cisnes que observei são brancos, mas não quer dizer que TODOS os cisnes o sejam.

Esse é o problema epistemológico da ciência teórica: ela não pode provar o que afirma.

Esse problema é o calcanhar de Aquiles da ciência teórica. Sim, pois você já observou que uma teoria científica não dura muito tempo? Logo uma determinada teoria tem de ser substituída por outra. Os cientistas chamam isso de "progresso científico", mas o nome, na verdade, é outro. Podemos chamar isso de SUCESSÃO DE ERROS. Ou seja, o que é verdade hoje em ciência amanhã não será mais, não dá pra confiar. Do ponto de vista teórico, a ciência, pasmem, não pode provar coisa alguma.
 

Pode a ciência nos trazer conhecimento?


A pergunta acima pode parecer estranha. Inadvertidamente, alguém poderia responder que é óbvio que sim. Porém, essa resposta seria apressada demais. A resposta correta e talvez assombrosa é que a ciência não pode nos trazer conhecimento.

Em primeiro lugar, devemos fazer uma distinção bem necessária aqui entre ciência teória e ciência prática. Por ciência prática estou querendo dizer a ciência utilitária, aquela que produz coisas como remédios, computadores, máquinas maravilhosas, espaçonaves e muitas outras coisas às quais chamamos de tecnologia. Tais coisas nos fazem respeitar muito a ciência. Por ciência teórica estou querendo dizer os sistemas de teorias, de leis científicas, muitas das quais nos são conhecidas. Feita essa distinção, podemos passar a explicar por que a ciência não produz conhecimento algum.

O assunto é muito complexo e esse espaço não é suficiente para esgotá-lo. Se publico algo sobre ele aqui, é somente para levar os cristãos que tiverem acesso a esse espaço a pensar um pouco sobre a tão propalada eficácia disso que chamamos de ciência. A ciência não é tão eficaz assim como podemos pensar que seja, na verdade, teorias e leis científicas não podem ser universalmente provadas de forma alguma.

Um cientista, para confirmar uma hipótese, normalmente faz testes com dados obtidos. Ele usa o método experimental, ou seja, colhe dados, testa-os e elabora algum enunciado  a partir daqueles dados. Vejamos um exemplo muito simplório, mas que nos ajudará a entender do que estamos querendo falar.

Imaginemos que um cientista observe, durante um bom número de anos, um número alto de cisnes. Após observá-los, esse cientista poderá elaborar o seguinte enunciado: Todos os cisnes são brancos. De fato, ao observar um milhão de cisnes, o cientista não contemplou nenhum, mas nenhum mesmo que tivesse outra cor que não a branca. Para o cientista, portanto, parece bem lógico e confiável dizer que todos os cisnes são brancos. Contudo, é aí que reside a contradição do método da ciência. Apesar de que tal enunciado tenha sido obtido experimentalmente, ele não pode ser experimentalmente provado. Não há como saber que, de fato, todos, mas todos os cisnes são mesmo brancos. Aquele um milhão de cisnes observados era mesmo branco, mas isso não prova, de forma alguma, que não exista pelo mesmo um cisne que não seja branco. Agora imagine esse raciocínio aplicado a outros dados da ciência e você entenderá o porquê do título desse artigo. Esse problema da ciência não é novo, ele já é estudado por filósofos da ciência há muito tempo.

Ora, isso significa que aquelas leis científicas que aprendemos na escola, tal como a lei da impenetrabilidade da matéria ou da inércia, coisas de que nunca nos esquecemos, apesar de serem coisas tão certas para nós, amplamente aceitas, não podem ser universalmente provadas. O que se quer dizer por universalmente aqui?

Bem, universalmente significa que um enunciado científico teria de valer sempre, em todas as épocas, em todos os lugares, inclusive na lua. Podemos até mesmo acreditar que "dois corpos não podem ocupar ao mesmo tempo o mesmo lugar no espaço", porém, não podemos provar isso para TODOS os corpos. Simplesmente não há como saber que, de fato, TODOS os corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Não há como saber que qualquer lei científica seja mesmo universalmente verdadeira. A ciência teória, por isso, transita nos limites da crença, não do conhecimento. Nós cremos, simplesmente cremos em enunciados científicos, mas eles não podem ser universalmente provados.

A ciência usa o método indutivo, ou seja, o método de colher dados, cisnes, por exemplo, alguns cisnes, mas não todos os cisnes do mundo, e observar esses dados. Esse método é chamado de INDUÇÃO, em oposição á DEDUÇÃO. O método de indução consiste em se partir do singular para o geral, ao passo que o método dedutivo consiste em se passar do geral para o singular. O método dedutivo seria verdadeira ciência, seria verdadeiramente confiável. O método indutivo, porém, é, na verdade, uma falácia lógica. Afirmar algo pelo método indutivo é observar um milhão de corvos e depois dizer que, se esses corvos são todos pretos, então todos os corvos são mesmo pretos. Mas, como podemos saber que não há pelo menos um corvo que não seja? Usar o método dedutivo, ao contrário, é se observar TODOS os cisnes do planeta, os do passado, os do presente e os do futuro e então dizer com certeza que todos os cisnes são brancos. Como o método dedutivo é impossível, a ciência fica com o método indutivo mesmo. Por isso a razão do título.

Certamente que a ciência nos tem dados coisas muito boas, como a tecnologia. Porém, quando se trata de verdades sobre o mundo, ela falha terrivelmente. Aceitamos os enunciados e "descobertas" científicas com muita facilidade, exatamente porque confiamos demasiado em ciência. Porém, a ciência não é assim tão digna de conhecimento e muito menos são os cientistas deuses do saber. Pelo contrário, se observarmos bem, veremos que teorias científicas não duram para sempre. Elas sempre estão sendo substituídas por outras, exatamente porque novos dados são observados e novos enunciados têm de ser elaborados. A ciência chama isso de progresso científico, mas podemos chamar isso de sucessão de erros.